Inicialmente, ficou estabelecido que para concretizar este projeto, teria de construir um circuito de
Arduino que comunicasse com o programa de som Max. As pernas do manequim seriam revestidas de
tinta condutiva, para que fosse possível estabelecer contacto com um sensor capacitivo. Quando
alguém “apalpa” o manequim, este sensor, reagindo ao toque, envia os valores para o Arduino, que
por sua vez os envia para o Max, sendo então possível que a música toque segundo o toque. Contudo, deparei-me com uma série de problemas técnicos para os quais tive de procurar alternativas,
alternativas estas que me levaram a construir um objeto que pouco se afastou do que eu imaginara,
mas que enriqueceu em grandes medidas a minha experiência. Tanto o código do Arduino como o patch do Max foram disponibilizados por uma colega e pelo
professor. No entanto, à primeira vista, estes pareciam não serem adequados ao meu projeto já que
recorrentemente me deparava com erros de comunicação entre o Arduino e o meu sensor, assim como
erros referentes à comunicação Arduino/Max. Reescrevi o código, assim como experimentei diversos
circuitos e patches. Tendo investido um número extraordinário de horas em vídeos e consulta de
páginas sobre a resolução deste tipo de problemas, quando abri novamente o código e patch que
originalmente me foram fornecidos, soube corrigir o que estava errado desde início. Ligeiramente
alterados, foram estes os ficheiros que usei no projeto. Passando para a parte plástica deste trabalho, foi talvez aqui que se deram as alterações mais
eminentes. Seguindo a sugestão do professor, em casa preparei uma tinta condutiva à base de grafite
em pó e verniz, a qual me iria servir para contornar as linhas dos músculos do manequim. Após
alguns testes de condutividade, antes de passar para a pintura do objeto final, percebi que esta tinta
levantava algumas questões que não me agradavam: 1. Não sendo feita industrialmente, os valores
que conduz por vezes tornavam-se instáveis, não sendo fiável como sensor; 2. Dificuldade na ligação
entre a tinta e o cabo do Arduino com função de sensor; 3. “Estrago” permanente do objeto; 4. Estando
o objeto exposto ao toque, seria este material capaz de se manter intacto de forma a não corromper
ligações? Nos testes que em cima referi, recorri a fita-cola de alumínio para algumas ligações. Para além de
conduzir perfeitamente os valores lidos pelo sensor, completamente ao acaso, percebi que este
material daria ao meu objeto um acabamento de efeito espelhado, que muito me agradou,
contribuindo para uma ideia que pouco tinha explorado, mas que muito me interessava: a instalação
como experiência pessoal e autorreflexão. Tendo o objeto pronto, montei-o no espaço da sala. Não tendo um ferro capaz de o sustentar em pé,
cheguei à conclusão que a única maneira de manter o seu vulto redondo seria pendurá-lo ao teto com
cabo de aço (capaz de suportar esse peso). Esteticamente, esta solução agradou-me. A verticalidade
das linhas que suportam as pernas até ao teto atenuam, por um lado, a falta do tronco da figura
humana. Por outro lado, interpreto-as como linhas que sobem ao céu e que portanto se confundem
com o conceito espiritual do projeto. Seguindo a sugestão do professor, simplifiquei um pouco mais o circuito de Arduino, eliminando a
breadboard através da solda de alguns cabos. Isto permitiu-me esconder o arduino na planta do pé
(revestido por borracha, de forma a isolar o contacto com o alumínio). Para este projeto optei pela utilização de auscultadores, de forma a proporcionar uma experiência mais intimista.
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